Ex-alunos viram 'padrinhos' e ajudam a financiar estudos de universitários

A exemplo do que há nos Estados Unidos, iniciativas em universidades brasileiras convocam antigos estudantes para "adotar" alunos pobres, ajudando a bancar bolsas de permanência. Em um contexto de mudanças no perfil do ensino superior, com as cotas e programas de inclusão, os projetos querem dar a chance para que jovens escolham o caminho que querem seguir - sem o peso das cifras nos ombros.

Estudantes selecionados pelo projeto Adote um Aluno, da Faculdade de Direito da USP, recebem R$ 600 por mês, usados para custear materiais, inscrições em congressos e ingressos para atividades culturais. "É para ele se inserir neste ambiente que está sendo convidado a frequentar", diz o diretor da faculdade, Floriano de Azevedo Marques Neto, idealizador da proposta, lançada em 2018. Ex-alunos podem arcar com valores de R$ 50 a R$ 1 mil mensais.

O desafio é criar uma cultura de doação na universidade e blindar a desconfiança sobre o destino dos recursos. Contra isso, um conselho fiscal, formado por um professor e advogados, é responsável por aprovar os gastos do projeto e prestar contas.

Mudanças recentes no vestibular da Fundação Getulio Vargas (FGV) também trouxeram novos rostos à faculdade particular. Incomodados com o malabarismo que estudantes pobres tinham de fazer para concluir o curso, ex-alunos, pais e professores se mobilizaram para criar um fundo para bolsas de permanência. O Endowment Direito GV já juntou R$ 3 milhões - entre doações volumosas e outras simbólicas, como os R$ 15 pagos por uma secretária, da própria FGV, que apostou no projeto. Os rendimentos se convertem em pagamentos a estudantes e há até verba para apoio psicológico em caso de dificuldades de adaptação.

Nos moldes da FGV e de outras experiências no câmpus, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP também criou, há dois anos, com apoio de ex-alunos, um fundo para apoiar ações de ensino, pesquisa e extensão, entre elas bolsas de permanência.
Com cotas pequenas de ajuda, o fundo da FEA mobiliza até alunos de graduação para que se tornem doadores habituais depois de formados. A poupança chegou a R$ 700 mil - a expectativa é alcançar mais antes de começar a usar os rendimentos.

Na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), doações de ex-alunos ainda engatinham, mas já ajudaram a pagar mensalidades de estudantes de diferentes cursos. Por lá, o critério de mérito acadêmico é associado à renda.

Por Júlia Marques - Terra

Matéria original: https://tinyurl.com/yxq4l5je




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